quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Teologia da Prosperidade

A prosperidade da decepção

Por Ariovaldo Ramos

Quando, na década de 80, a teologia da prosperidade chegou ao Brasil, ela veio como uma nova tese sobre a fé, prometia o céu aqui para o que tivesse certo tipo de fé. As promessas eram as mais mirabolantes: garantia de saúde a toda prova, riqueza, carros maravilhosos, salários altíssimos, posições de liderança, prosperidade ampla, geral e irrestrita. Lembro-me de, nessa época, ter ouvido de um ferrenho seguidor dessa teologia que, quem tivesse fé poderia, inclusive, negociar com Deus a data de sua morte, afirmava que, na nova condição de fé em que se encontrava, Deus teria de negociar com ele a data de sua partida para mundo dos que aguardam a ressurreição do corpo. Estamos, há cerca de vinte anos convivendo com isso, talvez, por isso, a grande pergunta sobre essa teologia seja: Como têm conseguido permanecer por tanto tempo? A tentação é responder a questão com uma sonora declaração sobre a veracidade desta proposição, ou seja, permanece porque é verdade, quem tem fé tem tudo isso e muito mais. Entretanto, quando se faz uma pesquisa, por mais elementar, o que se constata é que as promessas da teologia da prosperidade não se cumpriram, e, de fato, nem o poderiam, quando as regras da exegese e da hermenêutica são respeitadas, percebe-se: não há respaldo bíblico. Então qual a razão para essa longevidade?

Em primeiro lugar, a vida longa se sustenta pela criatividade, os pregadores dessa mensagem estão sempre se reinventando, bem fez um de seus mais expoentes pregadores quando passou a chamar seu programa de TV de “Show da Fé”, de fato é um espetáculo ás custas da boa fé do povo. Mesmo os mais discretos estão sempre expondo o povo, em alguns casos, quando mais simplório melhor, em outros, quanto mais bonita, e note-se o feminino, melhor. Além disso, é uma sucessão de invencionices: um dia é passar pela porta x, outro é tocar a trombeta y, ou empunhar a espada z, ou cobrir-se do manto x, e, por aí vai. Isso sem contar o sem número de amuletos ungidos, de águas fluidificadas e de bênçãos especiais. Suas igrejas são verdadeiros movimentos de massa, dirigidos por “pop stars” que tornam amadores os mais respeitados animadores de auditório da TV brasileira.

Em segundo lugar, a vida longa se mantém pela penitência; os pregadores dessa panacéia descobriram que o povo gosta de pagar pelos benefícios que recebe, algo como “não dever nada a ninguém”, fruto da cultura de penitência amplamente disseminada na igreja romana medieval, aliás, grande causadora da reforma protestante. Tudo nessas igrejas é pago. Ainda que cada movimento financeiro seja chamado de oferta, trata-se, na prática, de pagamento pela benção. Deus foi transformado num gordo e avaro banqueiro que está pronto a repartir as suas benesses para quem pagar bem, assim, o fiel é aquele que paga e o faz pela fé; a oferta, nessas comunidades, é a única prova de fé que alguém pode apresentar. Na idade média, como até hoje, entre os romanos, Deus podia ser pago com sacrifícios, tais como: carregar a cruz por um longo caminho num arremedo da via “crucis”, ou subir de joelhos um número absurdo de degraus, ou, em último caso, acender uma velinha qualquer, não é preciso dizer que a maioria escolhe a vela. Mas, isso é no romanismo! Quem quer prosperidade, cura, promoções, carrões e outros beneplácitos similares tem de pagar em moeda corrente, afinal, dinheiro chama dinheiro, diz a crença popular. E tem de pagar antes de receber e, se não receber não pode reclamar, porque Deus sabe o que faz e, se não liberou a bênção é porque não recebeu o suficiente ou não encontrou a fé meritória. Esses pregadores têm o consumidor ideal.

Em terceiro lugar são longevos porque justificam o capitalismo, embora, segundo Weber, o capitalismo seja fruto da ética protestante, (aliás, a bem da verdade é preciso que se diga que o capitalismo descrito por Max Weber em seu livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” não é, nem de longe, o praticado hoje, que se sustenta no consumismo, enquanto aquele se erguia da poupança, além disso, como sociólogo, Weber tirou uma foto, não fez um filme, suas teses se circunscrevem a sua época e nada mais) a fé, de modo geral, evangélica nunca se deu bem com a riqueza. A chegada, porém, dessa teologia mudou o quadro, o capital está, finalmente, justificado, foi promovido de grilhão que manieta a fé em troféu da mesma. Antes, o que se assenhoreava do capital tornava-se o avaro acumulador egoísta, agora, nessa tese, é o protótipo do ser humano de fé. Antes, o que corria atrás dos bens materiais era um mundano, hoje, para esses palradores, é o que busca o cumprimento das promessas celestiais. Juntamente com o capitalismo, essa mensagem justifica o individualismo, a bênção é para o que tem fé, ela é inalienável e intransferível. Eu soube de uma igreja dessas que, num rasgo de coerência, proibiu qualquer socorro social na comunidade para não premiar os que não tem fé. Assim, quem tem fé tem tudo quem não tem fé não tem nada. Antes, ter fé em Cristo colocava o sujeito na estrada da solidariedade, hoje, nesse tipo de pregação, o coloca no barranco da arrogância. Toda “esperteza” está justificada e incentivada. Não é de estranhar que ética seja um artigo em falta na vida e no “shopping center” de fé desses “ministros”.

Mas, o que isso tudo tem gerado, de verdade? Decepção, fragorosa decepção é tudo o que está sobrando no frigir dos ovos. As bênçãos mirabolantes não vieram porque Deus nunca as prometeu, e Deus não pode ser manipulado. O sucesso e a riqueza que, porventura, vieram foram mais fruto de manobras “espertalhonas”, para dizer o mínimo, do que resultado de fé. Aliás, para muitos foi ficando claro que o que chamavam de fé, nada mais era do que a ganância que cega, o antigo conto do vigário foi substituído pelo conto do pastor. Gente houve que ficou doente, mas, escondeu; perdeu o emprego, mas, mentiu; acreditou ter recebido a cura, encerrou o tratamento médico e morreu. Um bocado de gente tentando salvar as aparências, tentando defender os seus lideres de suas próprias mentiras e deslizes éticos e morais; um mundo marcado pela esquizofrenia. O individualismo acabou por gerar frieza, solidão e, principalmente, perda de identidade, porque a gente só se torna em comunidade. Tudo isso acontecendo enquanto muitos fiéis observavam o contraste entre si e seus pastores, eles sendo alcançados pela perda de bens, pela angústia de uma fé inoperante, pela perda de entes queridos que julgavam absolutamente curados e os pastores enriquecendo, melhorando sensivelmente o padrão de vida, adquirindo patrimônio digno de nota, sendo contado entre o “jet set”, virando artistas de TV, tudo em nome de um evangelho que diziam ter de ser pregado e que suas novas e portentosas posses avalizavam.

E onde estão estes decepcionados? E para onde estão indo os seus pares? Muitos estão, literalmente, por aí, perderam aquela fé, mas não acharam a que os apóstolos e profetas da escritura judaico-cristã anunciaram; ouviram o nome Cristo, mas não o encontraram e pararam de procurar. Talvez, estejam perdidos para evangelho; para sempre. Outros, no meio de tudo isso foram achados por Cristo e estão procurando pelo lugar onde ele se encontra. Para os primeiros não há muito que fazer a não ser interceder diante do Eterno, para que se apiede dos que foram vergonhosamente enganados; para os que estão a procura, entretanto, é preciso desenvolver uma pastoral. Eles não estão chegando como chegam os que estão em processo de reconhecimento de Deus e do seu Cristo. Estão batendo às portas das comunidades que julgam sérias com a Bíblia a procura de cura para a sua fé, para a sua forma de ser crente, para a sua esperança de salvação, para a sua falta de comunidade e para a sua confusão doutrinária. Precisam, finalmente, ver a Jesus Cristo e a si mesmos; precisam, em meio a tanta desinformação encontrar o ensino, em meio a tanto engano recuperar a esperança. Necessitam de comunidade e de identidade, de abraço e de paciência, de paz e de alento, de fraternidade e de exemplo, de doutrina e de vida abundante. Quem quer que há de recebê-los terá de preparar-se para tanto, mesmo porque, ainda que certos da confusão a que foram expostos, a cultura que trazem é a única que têm e, nos momentos de crise, de qualquer natureza, será a partir desta que reagirão, até que o discipulado bíblico construa, com o tempo, uma nova e saudável cultura.

Hoje, para além de tudo o que encerra a sua missão, a Igreja tem de corrigir os erros que, em seu nome, e, em muitos casos, sob a sua silenciosa conivência, foram e, ainda, estão sendo cometidos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ariovaldo Ramos, Blog

Ariovaldo Ramos, Blog

A TERCEIRA INTELIGENCIA

Floriano Serra
Publicado em 15.11.2011
Apesar do que assegura o Daniel Goleman na sua obra Inteligência Emocional, venho defendendo o conceito de que não basta um perfeito domínio das emoções para assegurar que estamos no caminho certo em direção ao sucesso, à boa liderança nem ao bom relacionamento interpessoal.
Explico: habitualmente as pessoas usam da Razão ou da Emoção para impulsionarem suas ações e pensamentos.
Emoção x Razão
As ações motivadas exclusivamente pela Emoção quase sempre têm fortes componentes de busca do prazer ou de fuga de desconforto. Nestes casos, o comando para a ação (ou a falta dela) é "faço porque gosto" ou "não faço porque não gosto". A questão é: que garantias tenho de que minha ação, motivada pela minha emoção, ainda que perfeitamente administrada, será boa também para as outras pessoas? " Se não for esse o caso, minha ação emocional apenas refletirá um enorme egocentrismo. Neste caso, o controle da inteligência emocional não garantirá necessariamente que a ação seja saudável, legal, ética e útil. Daí nascem a manipulação e a chantagem emocional.
Alguém poderá contra-argumentar: "Mas se unirmos a Razão à Emoção teremos a ação ideal, certo?" Errado. A Razão nos induz a fazer aquilo que nos convém ou que nos interessa e não necessariamente ao que é legal, ético e saudável. Razão e Emoção por si só não têm ética nem moral: as grandes e inteligentes fraudes financeiras ou os dramáticos crimes passionais acontecem justamente porque sua dinâmica de ação parte desse binômio: me convêm e me agrada.
A Terceira Inteligência
O crivo que está faltando é o da avaliação das conseqüências da nossa ação para com o outro, para com os amigos, os colegas de trabalho, a empresa, a comunidade, a sociedade. É a este crivo que venho chamando de "Terceira Inteligência", a faculdade que tem o Homem de sobrepor à Razão e à Emoção uma essência Espiritual, que dá transcendência às suas ações e um sentido de direção necessariamente voltado para o respeito e o bem estar próprio e dos outros.
Antes de qualquer procedimento ou decisão pessoal ou profissional, deveria haver sempre um auto-questionamento: O que e quanto há de generosidade e de solidariedade nesta minha ação? Estou produzindo alegria, sorrisos e felicidade também aos outros? Estou somando ou multiplicando competências, crescimento e bem estar nas pessoas, equipes e comunidades?
A Terceira Inteligência é simples assim. Seja no contexto familiar, social, político ou corporativo, ela se sobrepõe a conveniências pessoais e a interesses meramente materiais e caracteriza as ações, sobretudo pela generosidade e pelo respeito ao próximo. É ela que nos faz transcender ao ego, como diz o Deepak Chopra, fazendo-nos substituir a pergunta "O que vou ganhar com isso?" por "Como posso ajudar?"
A Terceira Inteligência tem a ver com o desejo sincero de compartilhar, sem discriminações de raça, cor, credo, aparência e posses, pela consciência de que o mundo inteiro é uma grande família, porque a raça humana é um todo composto por irmãos.
Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site http://www.institutojetro.com/ e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

AVIVAMENTO 2

Esse desenho representa muito bem o momento que estamos vivendo no meio evangélico. Todas as coisas que eu escrevi no artigo anterior nos leva a pensar que se esses movimentos fossem realmente sinais de avivamento então teríamos grandes mudanças no meio da sociedade, nos lares,na igreja ou seja em todos os lugares;quando não se ver transformação na conduta dos servos de Deus,quando não se ver diferença  entre luz e trevas,então não existe avivamento.  

AVIVAMENTO?

As pessoas hoje em dia pulam,gritam,se esperneiam,caem no chão e chamam isso de avivamento. Avivamento verdadeiro é fruto de uma volta ao Senhor Jesus e a sua Palavra,é fruto de choro pela vergonha da prática do pecado no dia a dia,é arrepedimento,é fruto de uma luta diária por santidade lúcida e equilibrada com jejum e oração e prática da palavra de Deus.O emocionalismo não gera avivamento,há fogo estranho no altar do Senhor;o problema é que uma boa parte dos nossos irmãos não conhecem o fogo do espirito de Deus ai aceitam qualquer coisa e juram que é de Deus;diante disso surgem os aproveitadores da fé dos desprovidos de sabedoria e discernimento espiritual.